O ESPÍRITO ENTRA NO CORPO DO MÉDIUM QUANDO ELE SE MANIFESTA?
É comum ouvir falar de Espíritos entrarem em corpos de médiuns, para transmitir o seu pensamento. No movimento espírita, tem-se evitado usar esse termo, embora, como veremos mais adiante, alguns espíritos e espíritas o utilizem.
Mas antes vamos procurar compreender melhor o termo incorporação, do latim incorporatione, muito utilizado pela doutrina espírita, ato ou efeito de incorporar(-se). Termo ainda aplicado inadequadamente à mediunidade psicofônica, pois não tem como dois espíritos ocuparem o mesmo corpo.
“O Espírito não entra num corpo como entra numa casa. Identifica-se com um Espírito encarnado, cujos defeitos e qualidades sejam os mesmos que os seus, a fim de obrar conjuntamente com ele. Mas, o encarnado é sempre quem atua, conforme quer, sobre a matéria de que se acha revestido. Um Espírito não pode substituir-se ao que está encarnado, por isso que este terá que permanecer ligado ao seu corpo até ao termo fixado para sua existência material.” (KARDEC, 2007a, p. 282).
O que ocorre é que o médium e o Espírito se comunicam de períspirito a períspirito, ou seja, mente a mente, dando a impressão de que o médium está incorporado.
Vejamos o exemplo da Psicofonia:
É uma mediunidade que permite a comunicação oral de um Espírito com o médium.Kardec denominou de “mediunidade falante”,ou seja uma faculdade que propicia a comunicação dos Espíritos através da palavra,travando conversações.É ainda conhecida popularmente como incorporação,dando entender que o Espírito comunicante penetra no corpo do medium,o que na verdade não acontece.
Vejamos o procedimento descrito abaixo:
É importante meus queridos irmãos prestarmos bem atenção de como ocorre este fenômeno mediúnico:
Quanto ao grau de Consciência
O médium pode guardar maior ou menor grau de consciência cerebral, durante o processo da psicofonia, conforme maior ou menor seja a exteriorização do seu perispírito.
a) Médium Consciente – Exteriorização de alguns centímetros do seu Perispírito ;
b) Médium Semi-Consciente – Exteriorização maior de alguns centímetros do seu Perispírito;
c) Médium Inconsciente – Exteriorização total do seu Perispírito.
Segundo o grau de consciência cerebral, a psicofonia se classifica em:
1 – Consciente
Em cada 100 médiuns, em média 80 são de psicofonia; e destes, 50 são conscientes (também chamados intuitivos).
Na psicofonia consciente, o médium sabe o que o espírito quer falar, antes que o faça.
O transe se processa assim:
1- Há exteriorização do perispírito do médium de apenas alguns centímetros e a formação da atmosfera fluídica entre as suas irradiações perispirituais e as do espírito comunicante.
2 – O espírito emite o pensamento e procura influir sobre o aparelho fonador do médium;
3- O médium sente essa influência e capta o pensamento do espírito comunicante na origem, antes de falar, e pode transmiti-lo ou não:
4- Se concorda em falar, transmite a idéia conforme a entende e usando seu próprio estilo, vocabulário e construção de frases.
Vantagem desta modalidade de psicofonia: o médium pode avaliar antes a manifestação pretendida, com fácil controle do fenômeno, podendo até interromper o transe, se necessário
Para melhor proveito do seu trabalho, deve o médium consciente:
– não se negar ao intercâmbio necessário;
– instruir-se para melhor poder transmitir as idéias dos comunicantes;
– ser fiel no que transmitir, interferindo o mínimo possível.
II — Semiconsciente
Em cada 80 médiuns de psicofonia, em média 28 são Semi-Conscientes.
Nesta modalidade, o médium toma consciência do que o espírito está falando por seu intermédio, no instante em que as palavras são formadas.
O fenômeno se dá assim:
1- Há, também, a formação da atmosfera fluídica, como na modalidade anterior; mas é maior a exteriorização perispiritual do médium (ainda não completa, porém) e o comunicante. assim, tem maior atuação no órgão fonador, conseguindo falar melhor, no seu próprio estilo;
2 – Enquanto a mensagem está sendo recebida, o médium sabe o que está falando, sente
o padrão vibratório e a intenção do comunicante, podendo controlar e interferir, se necessário;
3- Mas, ao terminar a manifestação, provavelmente só recordara do início e do final da mensagem e, vagamente, do tema abordado.
Além de observar as recomendações feitas no caso do médium consciente, deverá o
médium semiconsciente procurar aperfeiçoar sua mediunidade esforçando-se por diminuir sua interferência no fenômeno (repetição de frases e gestos que lhe são habituais).
III — Inconsciente
É a modalidade mais rara, encontrando-se apenas 2 médiuns inconscientes em média, em cada 80
médiuns de psicofonia.
Caracteriza-se pela maior inconsciência do médium quanto ao processo de transe psicofônico. Decorre da seguinte maneira:
1- Exteriorização total do perispírito do médium e formação da atmosfera mediúnica; inexiste ligação entre o cérebro do médium e a mente do manifestante e mesmo entre a sua própria mente perispiritual e o cérebro físico;
2- Atuação mais direta do comunicante sobre o organismo mediúnico, através dos centros nervosos liberados;
3- O transe será:
a) Sonambúlico – quando o comunicante consegue mover o corpo do médium, fazê-lo andar, pegar objetos, etc.
b) Letárgico – quando o corpo do médium fica imóvel (com ou sem rigidez).
4 – A mensagem é transmitida sem que o médium guarde consciência cerebral dela; em espírito, porém, o médium está consciente e, desde que não esteja dominado em obsessão, poderá:
a) fiscalizar a atuação do comunicante, ajudando-o se ele precisar, ou interrompendo o transe pelo seu próprio despertamento, em caso de perigo ou de ação contra seus princípios;
b) Se o comunicante lhe merecer confiança plena:
– permanecer no ambiente para aproveitar os ensinamentos e convivência com o comunicante; afastar-se em outras atividades (o limite estará nas suas possibilidades, conveniências e as condições de sustentação da atmosfera fluídica formada).
5 – Ao recobrar a consciência, geralmente o médium nada ou bem pouco recordará do ocorrido ou da mensagem deixada; será uma sensação vaga, como um sonho pouco nítido, sem poder afirmar com certeza do que se tratou.
Esta modalidade apresenta como:
Vantagem – maior liberdade do espírito, que se identifica por gestos, entonação da voz, atitudes e até transfiguração fisionômica;
Desvantagem – se o médium não vigiar previamente sua atitude e conduta, poderá vir a ficar na dependência dos espíritos inferiores a que deu passividade.
Outras observações
1) – O médium é sempre responsável pela boa ordem do desempenho mediúnico, mesmo na forma
inconsciente, porque somente com sua aquiescência ou conveniência o comunicante pode agir (exceção feita aos casos de obsessão).
2)- Quando a educação mediúnica é deficiente ou viciosa, o intercâmbio é dificultado, faltando liberdade e segurança; o médium reage à exteriorização perispirítica, dificulta o desligamento e quase sempre intervém na comunicação, truncando-a;
3) – Em caso de médium que vem de processo obsessivo, os mentores procurarão exercitá-lo com espíritos que não lhe ofereçam perigo (o que não lhe retira a responsabilidade quanto ao fenômeno);
4)- Para o médium inconsciente se entregar plenamente ao transe precisa ter confiança na sua faculdade, nos espíritos que o assistam e, principalmente, no ambiente espiritual da reunião que freqüenta.
5) o grau de consciência na mediunidade de incorporação pode modificar-se com o tempo, de inconsciente para semiconsciente e consciente, ou vice-versa.
Um grande abraço a todos!
Muita paz e luz!
Balbino Amaral Filho
Livros consultados:
Allan Kardee – “ O Livro dos Médiuns” – 2ª parte -Cap. XIV; “Obras Póstumas” – 1ª parte -Cap. VI-Dos Médiuns.
André Luiz – psicografia de Francisco Cândido Xavier. “Nos Domínios da Mediunidade”; “Missionários da Luz” —Cap. VII e XVI
Martins Peralva – “Estudando a Mediunidade” “Revista Espírita” — 1864 – 1865 – 1866 e 1868.
Léon Denis — “No Invisível” – 2ª parte – Cap. XIX.
Aula do COEM – 5ª Seção Teórica.



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