MEDIUNIDADE EM ESTUDO – Odilon Fernandes/ C. Baccelli cap.1

Primeiro capítulo

O TRANSE MEDIÚNICO

223. 1. O médium, no momento em que exerce sua faculdade, está num estado perfeitamente normal?
— Está algumas vezes num estado de crise mais ou menos pronunciado; é isto que o fatiga e por isto precisa de repouso; porém o mais das vezes
seu estado não difere sensivelmente do estado normal, sobretudo nos médiuns escreventes. (“O
Livro dos Médiuns” – cap. XIX – Papel do médium nas comunicações espíritas)
A tendência do transe mediúnico é
a de sutilizar-se, ocorrendo de maneira tão natural quanto possível.
O desgaste orgânico, pois, tende a se
mostrar cada vez mais discreto, a não ser nos médiuns em que haja maior dispêndio de energias cedidas à produção de fenômenos físicos.

Ao  desgaste  físico  sucede  o  de natureza  psíquica,  até  que  o  médium,  no intercâmbio  com  o  Além,  não  experimente qualquer  declínio  em  suas  forças. Nos  médiuns  envolvidos,  o  transe mediúnico  é  fator  de  sustentação  espiritual e  física,  de  vez  que  o  contato  com  Entidades Superiores  lhes  energiza  o  perispírito. No  transe  que  diríamos  primitivo,  o médium  mais  doa  do  que  recebe,  ao  passo que,  no  superior,  ele  mais  recebe  do  que  doa. O  transe  mediúnico  é  igualmente  passível  de  elevar-se  – o  que  acontece  na  exata  medida  em  que  o  médium  se  esclarece  e  moraliza. A obsessão  é  exemplo  de  mediunidade que  suga  do  médium  as  suas  energias  vitais. O  Cristo,  Médium  Divino,  dizia  que o  seu  alimento  consistia  em  fazer  a  vontade do  Pai. A  mediunidade  exercida  com  equilíbrio  é  sinônima  de  saúde  e  vitalidade;  a  que se  exerce  sem  responsabilidade  é  causa  de fraqueza  e  doença… Não  há  a  menor  necessidade  de  que o  médium  em  exercício  se  mostre  em  estado de  excitação  psíquica,  com  repercussões  em seus  trejeitos  físicos. O  médium,  portador  desta  ou  daquela faculdade,  deve  esmerar-se  no  refinamento  de suas possibilidades. Chico  Xavier,  o  maior  expoente  da mediunidade  com  Jesus,  entrava  e  saía  do transe  com  naturalidade.  Nele,  o  estado  de vigília  praticamente  não  se  distinguia  do estado  mediúnico. Para  melhor  entendimento  do  que queremos  dizer,  permitam-nos  exemplificar: há  enorme  diferença  entre  o  médium receber  os  espíritos  na  “sala  de  estar”  de seu  psiquismo,  para  um  diálogo  educado  e proveitoso,  e  com  eles  se  reunir  no  “quintal” de  sua  cidadela  psíquica! O  Espiritismo,  sendo  instrumento de  educação  do  espírito,  também  o é  de educação  mediúnica. O médium,  por  seu  estado  febricitante, não  é  mais  médium  do  que  aquele  que  atua sem evidência  exterior  do  transe.  Ao  contrário: os  médiuns  preferidos  pelos  espíritos esclarecidos  são  os  que  se  concentram  apenas na  transmissão  fiel  de  seu  pensamento,  eliminando  reações  que,  externamente,  possam causar  estranheza  a  quem  os  observa. Mesmo  no  transe  psicofônico,  ou de  incorporação,  o  médium,  tanto  quanto possível,  carece  procurar  controlar-se,  para que  os  sintomas  físicos  da  entidade  comunicante  não  mascarem  as  suas  reais  necessidades,  desviando  a  atenção  do  médium doutrinador  – que  preferimos  chamar  de interlocutor,  de  vez  que,  de  doutrinação, não  há  nenhum  de  nós  que  se  dispense. Assim,  seja  concedendo  passividade a  espíritos  em  desequilíbrio  ou  a  Instrutores,  que  o  médium  se  esforce  por  agir com  naturalidade  possível  no  momento  do transe,  sendo  ele  mesmo  o  primeiro  crivo sob  o  qual  a  entidade  desencarnada  deve  se submeter,  a  fim  de  manifestar-se. Médiuns  existem  que,  na  ânsia  de chamarem  a  atenção  para  si  ou  para  a  suposta  autenticidade  do  comunicado  que  intermedeiam,  se  valem  do  transe  mediúnico  a  que se  entregam,  exagerando  sintomas  e  sinais.

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