ANIMISMO “A alma do médium pode comunicar-se como qualquer outra; se ela goza de algum grau de liberdade, recobra suas qualidades de espírito.” (Cap. XIX – Papel do médium nas comunicações espíritas – item 2) Os próprios Espíritos da Codificação, falando sobre o assunto, viram com naturalidade a questão do animismo, que, infelizmente, até hoje é incompreendido por alguns estudiosos. O animismo faz parte do contexto da mediunidade. Diríamos mesmo que, sem animismo, não se tem mediunidade. A rigor, não importa tanto a fonte da comunicação, mas, sim, o seu teor. O médium, em determinadas circunstâncias, pode fazer-se intérprete de si mesmo. “… então – disseram os Espíritos a Kardec – eles lhes falam como espíritos e não como homens”! O consciente do médium pode intermediar informações de seu subconsciente informações e dramas. Na psicofonia simples, o interlocutor pode estar dialogando com uma faceta da personalidade do medianeiro, “acoplada”, se assim podemos nos expressar, ao psiquismo de um desencarnado com problema semelhante. As possibilidades da mediunidade são infinitas. Médium e espírito comunicante dificilmente agem isolados de outras influências intelectuais. Inclusive, o subconsciente de um, ou mais, dos integrantes da sessão mediúnica pode estar participando ativamente do comunicado. Ousamos dizer que, em Chico Xavier, muitos dos espíritos comunicantes mais não faziam do que colocar em ação o seu subconsciente, com as informações que ele levara consigo do Mundo Espiritual para a Terra.
Dentro desse quadro, perguntamos: o que vem a ser animismo, senão – repetimos -, um componente da própria mediunidade? Por outro lado, consideremos que o espírito comunicante também é um ser anímico e, ao mesmo tempo, mediúnico. O espírito que fala ou escreve, enfim, que entra em contato com os encarnados desta ou daquela maneira, o faz com o seu próprio conteúdo intelecto-moral. Quase sempre, ele transmite aos homens a sua percepção do Mundo Espiritual, que pode estar acrescida ou não do pensamento de outras entidades. Apenas o Pensamento de Deus existe por si mesmo, ou seja, se isenta de toda e qualquer influência. O médium que estuda passa a agir influenciado pelo que lê. Em suma: no fenômeno do transe, o médium comparece com o somatório do que existe no seu subconsciente, no do espírito e no dos circunstantes. Em qualquer transe mediúnico, há mais do subconsciente que do consciente.
Ninguém pode precisar, no médium, onde termina o animismo e começa a mediunidade. Um comunicado anímico pode ser mais rico que um mediúnico. Foi igualmente por esse motivo que, quando tratou da delicada questão da identidade dos espíritos, Kardec a considerou de importância secundária, em relação ao conteúdo do comunicado. Uma comunicação deve ser classificada como autêntica quando, nela, há mais mediunidade que animismo. A afirmação de Paulo, escrevendo aos Gálatas: “… já não sou eu quem vive, mas o Cristo vive em mim”, é uma afirmação de natureza mediúnica. Esvaziando-se de si, Jesus tomara posse de seu espírito. Eis a essência da mediunidade. Em Paulo, a mediunidade humana levada à culminância! Todos nos exercitamos a ser médiuns de espíritos, para, finalmente, sermos médiuns do Cristo, que, por sua vez, era Médium de Deus: “Eu e o Pai somos um.”
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