PRODUÇÃO MEDIÚNICA E ANÍMICA
5. As comunicações provindas do espírito do médium são sempre inferiores às que poderiam ser dadas por espíritos estranhos? — Sempre não, porque o espírito estranho pode ser de ordem inferior à do médium e por isso falar menos sensatamente. Vemos isto no sonambulismo, porque aí, o mais das vezes, é o espírito do sonâmbulo que se manifesta e que diz, contudo, algumas vezes, coisas muito boas. (Cap. XIX Papel do médium nas comunicações espíritas) Existem companheiros que, não raro, no anseio de serem médiuns, acabam por anular a própria capacidade de produzir intelectualmente para a Doutrina. Expliquemo-nos. Nem sempre o exercício da mediunidade ostensiva é superior à condição pessoal do espírito que se encontra encarnado. Abdicando de falar ou de escrever por si mesmos, segundo o conhecimento que possuem, muitos se reduzem a médiuns de insignificante produtividade. Tentemos esclarecer mais o que dizemos. O espírito encarnado, sob influência apenas da inspiração, pode ser mais útil à Causa sem que, para tanto, necessite abraçar a mediunidade, tornando-se intérprete específico dos desencarnados. Há quem deixe de ser excelente articulista para ser limitado médium psicógrafo. Outro renuncia ao verbo brilhante, que soa em seus lábios com proveito real para todos, pelo capricho de ser rotulado médium, qual se a condição mediúnica fosse superior à de tribuno. Outro, ainda, despreza a mediunidade de cura pela simples imposição das mãos, para complicar-se como medianeiro de intervenções cirúrgicas espetaculosas. Se existem espíritos que algo acrescentam ao médium, também existem os que algo lhe retiram.
Portanto, antes de efetuar a opção de enveredar pelos caminhos da mediunidade, convém que o adepto da Doutrina examine em que posto poderá mais bem servir à Causa que abraça. Em muita gente sem discernimento e capacidade de renunciar, mediunidade é a medida da ambição pessoal, na busca de fama e notoriedade, o que, convenhamos, colide frontalmente com os preceitos doutrinários mais elementares. Cabe-nos aqui, no entanto, uma ressalva: que os não-médiuns, por se sentirem frustrados em seus anseios pessoais no campo da mediunidade, não se transformem em críticos implacáveis dos que, com enorme esforço, estão lutando para cumprir com o dever que lhes compete. Na seara espírita, há espaço suficiente para que todos possam oferecer o seu contributo à construção da Nova Era, sem que, para brilhar no universo de suas infinitas possibilidades, careçam de empanar o brilho dos outros.
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