SINTONIA E AFINIDADE
“… procuram (os espíritos) o intérprete que melhor simpatiza com eles e que mais exatamente traduz seus pensamentos. Se não houver entre eles simpatia, o espírito do médium é um antagonista que traz uma certa resistência e torna-se um intérprete de pouco valor e frequentemente infiel.” (Cap. XIX – Papel do médium nas comunicações espíritas)
Quanto maior a afinidade entre o médium e o espírito, maior o entrosamento psíquico que entre os dois se estabelece. Em mediunidade, sintonia a afinidade não se improvisam. O médium, para ganhar a simpatia dos Bons Espíritos, carece de provar a eles a sua sinceridade de propósitos. Os espíritos, de maneira geral, aproximam-se aleatoriamente dos encarnados, mas os espíritos sérios procuram estreitar laços com aqueles que estejam imbuídos dos mesmos sentimentos e intenções. Quase sempre, a simpatia entre médium e espírito, com finalidade de trabalho construtivo no bem, é anterior à encarnação atual. A familiaridade entre médium e espírito é de suma importância para que ambos possam servir em regime de confiança recíproca. Portanto, no transe mediúnico, a combinação fluídica e a homogeneidade das vibrações que ocorrem é consequência de causas mais profundas a envolver os seus protagonistas. A conexão mediúnica não acontece instantaneamente e nem pode estar sujeita a constantes interrupções. Podemos dizer que, entre médium e espírito com tarefa a ser desenvolvida, o contato é permanente, sem que, necessariamente, o médium careça de estar em transe. Aliás, o transe mediúnico mais profundo é o que acontece com características de maior naturalidade possível, sem extravagância.
Nos quadros obsessivos, por consentimento indireto, tem-se a sujeição de uma mente à outra. Na mediunidade evangelizada, o que se tem é uma anuência bilateral, sem imposição de qualquer espécie. Na obsessão, a insanidade. Na mediunidade, a lucidez. Na obsessão, muitas vezes, o ódio. Na mediunidade, o amor sempre. Quando um médium não corresponde à expectativa do espírito, por mais que este lhe tenha afeição, procura outro. Nesse sentido, é bom lembrar que o médium possui igual direito: se o espírito o contraria em algum aspecto, o médium pode e, mesmo, deve “substituí-lo”. No exercício cotidiano da mediunidade, o médium, por seu esforço e devotamente), aliados ao conhecimento adquirido, promove uma natural seleção dos espíritos com os quais se permite entrar em comunicação. O espírito mistificador não encontra campo de atuação no psiquismo do médium comprometido com a Verdade. Isso não significa que ele não possa ser assediado sim, ele o poderá ser, como o Cristo foi tentado no deserto, mas não oferecerá receptividade. A relação entre espírito e médium, em tudo, é semelhante à relação existente entre duas pessoas encarnadas: sem verdadeira reciprocidade de sentimentos, a amizade não se solidifica. Mesmo o médium que atua nas sessões de desobsessão, concedendo passividade a espíritos que, por seu intermédio, se manifestam esporadicamente, conta com a supervisão de um instrutor desencarnado que o auxilia na tarefa. Em tais casos, pode, inclusive, ocorrer uma “dupla incorporação”, ou seja: o médium alberga em seu psiquismo o espírito comunicante, sob o controle direto da entidade espiritual que esteja a tutelá-lo. Este fenômeno, que também poderemos chamar de incorporação assistida (temos ainda a escrita assistida) é mais frequente do que se imagina. Na psicografia de espíritos que redigem cartas aos seus familiares encarnados, o controle, quase sempre, é exercido por espíritos de maior sintonia e afinidade com os médiuns.
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