MÉDIUNS MECÂNICOS
“… para uma comunicação inteligente ele (o espírito) necessita de um intermediário inteligente, e que este intermediário é o espírito do médium.” (Cap. XIX Papel do médium nas comunicações espíritas)
A participação do médium é sempre indispensável, mesmo nas comunicações de efeitos físicos. Por ele somente, o espírito não consegue varar a barreira das dimensões diferentes e se fazer sentir no Mundo Físico. Os chamados médiuns mecânicos, ou inconscientes, igualmente participam intelectualmente do fenômeno – conforme dissemos, não são absolutamente nulos.
Consciência e inconsciência mediúnicas são apenas uma questão de menor ou maior profundidade do transe. Os espíritos esclarecidos preferem trabalhar com médiuns conscientes, porquanto, em semelhante fenômeno, dividindo responsabilidades com o medianeiro, o seu dispêndio de energia mental não é tão desgastante. A ausência de memória do que se passa no momento do transe não significa estado de inconsciência mediúnica. Os Espíritos da Codificação, discorrendo sobre a participação intelectual do médium, mesmo nos fenômenos de efeitos físicos, foram claros: “… o espírito pode dar ao corpo inerte uma vida fictícia momentânea, mas não inteligente; jamais um corpo inerte foi inteligente. É então o espírito do médium que recebe o pensamento sem o saber e o transmite pouco a pouco, com o auxílio dos diversos intermediários.” O que está escrito acima nos leva a deduzir: quando, no fenômeno de efeitos físicos, há uma mensagem inteligente, o médium está cedendo para a sua produção muito mais que ectoplasma… A inconsciência mediúnica é apenas teórica. Nos fenômenos de tiptologia, estudados por Kardec, as pancadas não eram desferidas a esmo, sem uma coordenação inteligente. “Sem o saber”, além de ectoplasma, do médium emanava uma força intelectual de que o espírito comunicante se apropriava, para, por meio dela, manipular o elemento ectoplásmico. Podemos dizer, pois, que o médium de efeitos físicos nunca é apenas e tãosomente médium de efeitos físicos. É através de sua vontade, mais ou menos acentuada e lúcida, que os espíritos utilizam as energias que impressionam a matéria. Em “O Livro dos Médiuns”, abordando o tema que estudamos, os Espíritos escreveram: “Vocês não se dão bem conta do papel que desempenha o médium; há nisso uma lei que vocês ainda não apanharam”…
Talvez valha lembrar que, através dos médiuns de efeitos físicos não-evangelizados ou não conscientes de sua responsabilidade, os espíritos inferiores promovem fenômenos que chegam até a ser agressivos. É que o ectoplasma, como a força muscular, é uma energia neutra, que também pode ser canalizada para o bem quanto para o mal. Concluímos, portanto, que o médium sempre é responsável pela natureza dos fenômenos que os espíritos produzem por seu intermédio. Um espírito de ordem inferior jamais se materializa pelo ectoplasma de um médium espiritualizado – se, porventura, o fizesse, ele, sob o controle do médium, permaneceria sem ação! As meninas Baudin (Julie e Caroline), de 12 e 14 anos, respectivamente, além de excelentes médiuns de efeitos físicos, traziam em seu subconsciente recursos intelectuais de que os Espíritos da Codificação extraíram preciosas informações, para grafar os Princípios da Doutrina Espírita.
Enquanto Kardec não surgiu em cena, com o seu gênio extraordinário, o fenômeno das mesas girantes, embora tenha sido o berço do Espiritismo, não passava de manifestações levianas. Do ponto de vista intelectual e moral, não existe neutralidade mediúnica absoluta.
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