NA PRÓXIMA DIMENSÃO – Cap. 1

NA PRÓXIMA DIMENSÃO

 

Caros amigos, já publicamos nesse espaço os capítulos do Livro Mediunidade em estudo de Odilon Fernandes através do médium Carlos Baccelli. Agora publicaremos o livro “Na próxima dimensão” de Inácio Ferreira. Boa leitura.

 

NA PRÓXIMA DIMENSÃO

CARLOS ALBERTO BACCELLI DITADO PELO ESPÍRITO INÁCIO FERREIRA

Prefácio

Minha Visão Viesse do Espaço um habitante de outro planeta e pousasse com sua nave em pleno Deserto do Saara, concluiria que o Orbe não passaria de extensa faixa de terra arenosa, sob alta temperatura, inviabilizando nele o desenvolvimento de qualquer forma de vida, por mais rudimentar… Se, alterando o curso do vôo, pousasse, por exemplo, sobre as águas do Pacifico, deduziria que o mundo por nós povoado é constituído apenas por imensa massa de natureza líquida, não oferecendo maiores opções de sobrevivência aos seus possíveis colonizadores… E se, ainda, descendo em diminuta clareira da Floresta Amazônica, nada divisasse à sua volta, por milhares e milhares de quilômetros, senão árvores de altíssimo porte, impedindo, inclusive, a livre penetração dos raios do Sol, imaginaria que a Terra não passasse de estranho viveiro, tão-somente propício à existência das mais variadas espécies vegetais e animais primitivos… Na esperança de que os nossos irmãos compreendam que, deste Outro Lado, os que deixamos o corpo fisico nos sentimos na condição do referido viajante do Cosmos, os quais a nave espacial da desencarnação conduziu a determinada Região de uma das múltiplas Moradas da Casa do Pai, ensejandonos apreciá-la segundo a óptica do nosso entendimento, é que lhes entregamos as páginas deste livro despretensioso, o qual, com certeza, acrescendo-se às experiências de tantos outros, lhes possibilitarão uma visão mais ampla da vida que, um dia, nos reunirá na “Próxima Dimensão “.

INÁCIO FERREIRA

Uberaba – MG, 20 de setembro de 2002.

Carlos Antônio Baccelli

 

CAPÍTULO 1

Ora, eu estava morto e, no entanto, da vidraça em que observava o movimento lá fora, a paisagem humana, em quase tudo, me lembrava o mundo que eu havia deixado… Será que eu o havia deixado mesmo? Era a pergunta que, por vezes, me visitava o pensamento. Eu não habitava nenhuma região etérea, feita, como imaginava, de matéria quintessenciada; aos meus sentidos, tudo era quase igual, inclusive eu, que pouco me modificara em minha intimidade. Nos primeiros tempos de Vida Espiritual, sentira-me, sim, mais leve e mais bem disposto, mas agora, que me integrara de vez na nova realidade, não conseguia constatar em mim tantas diferenças: eu continuava sendo o mesmo Inácio, com o mesmo sangue a correr em minhas veias… Passada a euforia da desencarnação, a Lei da Relatividade se encarregava de fazer com que a vida voltasse ao normal; de onde passara observá-las, as estrelas — sem exagero algum de minha parte — me pareciam ainda mais distantes… A rigor, eu não saberia dizer se me havia aproximado ou distanciado da Luz! De fato, para os que morrem, a morte não encerra mistério algum; a nossa única expectativa que não se frustra é a que se refere à sobrevivência. Quanto ao mais… Para lhes dizer a verdade, eu estava tendo que me esforçar para não ser indiferente aos amigos que deixara — amigos e familiares, inclusive, às coisas que me haviam ocupado a existência inteira e que, então, me pareciam de suma importância. Logo que me sucedeu o desenlace físico, o meu espírito não lograra desapegar-se do que prosseguia concentrando-me a atenção: eu era então um náufrago que não queria largar a tábua de salvação; mesmo na condição de espírita, o Desconhecido, que se me escancarara, me infundia medo, pavor… Num rápido retrospecto, a consciência não me absolvia de todo e eu tinha receio de afastar-me, ou seja, de perder contato para sempre com tudo que eu havia sido. A condição de médico e Diretor Clínico do Sanatório Espírita de Uberaba, de certa forma, me resguardava e era o único valor ao qual eu podia recorrer, caso houvesse necessidade. Ainda lutando para me adequar à nova realidade, quando vi que a minha biblioteca estava sendo desfeita — o recanto em que eu passava a maior parte do meu tempo ocioso —, provoquei um encontro espiritual com Chico Xavier e, por via mediúnica, solicitei àquela que fora minha esposa no mundo que não continuasse dispersando os meus livros: eu ainda necessitava deles, não para compulsá-los, mas é que, depois de perder o corpo, a sensação de perda que nos acomete é muito grande, para que nos conformemos em perder mais alguma coisa. Por que procurei Chico Xavier? É simples. Se eu tivesse recorrido a outro medianeiro para o meu recado à companheira, é possível que ela tivesse duvidado da autenticidade do fenômeno e, além do mais, para enviar a ela uma mensagem através de um outro médium eu teria que trabalhar a sintonia e não sei quanto tempo semelhante providência me consumiria… O espírito não é um mágico e, muito menos, o médium, embora muitos deles, dos médiuns, confundam mediunidade com alguma espécie de magia. Mas, voltando à vidraça que me permitia olhar o pátio do grande hospital, cuja direção, no Mais Além, estava sob a minha responsabilidade (eu não sei quando é que vou me livrar deste carma!), quase me convencia de que aquilo era uma edição melhorada do velho Sanatório, que eu dirigira por mais de 50 anos. Alguns dos pacientes que eu tratara na Terra estavam internados ali — e, na minha ingenuidade espírita, eu devaneava em que a desencarnação fosse uma espécie de pá de cal sobre as nossas provas… A cura do espírito, sem dúvida, era mais complexa do que supunha. Bendita a Reencarnação, bendito o Esquecimento!… Não fosse, digamos assim, o choque psíquico que a reencarnação promove no espírito, o despertar da consciência não aconteceria e a cura definitiva dessa doença chamada imperfeição jamais se consumaria. Existem espíritos que, insanos no Mundo Material, continuam insanos no Mundo Espiritual, à espera de um novo corpo que, para nós outros, funciona como uma espécie de incubadeira… Eu rejuvenescera, é verdade, e, principalmente, largara o hábito de fumar, mas, confesso-lhes, me incomodava ser ainda o mesmo Inácio, sem a mínima possibilidade de subir um centímetro a mais na escala indefectível dos valores espirituais — podia, sim, volitar, mas tão-somente da Dimensão em que me encontrava para baixo, e vice-versa… Se eu quisesse ascender, com certeza teria que me prevalecer de uma máquina que me conduzisse, anulando o peso do meu corpo espiritual na gravidade — na minha opinião, a mais sábia das Leis do Criador. Às vésperas de desencarnar, eu pensava assim: Quando eu me libertar deste fardo que me oprime, poderei, livre, como os pássaros, adejar o firmamento, e o Incomensurável, para mim, não terá o menor sentido; visitarei outros orbes, físicos e extra-físicos, e manterei contato com outros habitantes das diversas moradas da Casa do Pai… Ledo engano! Sem dúvida, a nossa linguagem comum é a do pensamento, todavia nos espíritos que povoam Dimensões Superiores o idioma é mais erudito e não conseguimos interpretá-lo com facilidade: “falam” tão rapidamente e de forma tão sintética, que não lhes acompanhamos a velocidade do raciocínio… Não estranhem que seja assim. Num mesmo país, como, por exemplo, no Brasil, todos falam a língua pátria, no entanto aqueles que se situam nos extremos da cultura se expressam de maneira quase ininteligível para os demais. O homem de conhecimento mediano não saberá o que um adolescente das favelas do Rio de Janeiro diz com os seus termos de gíria, nem tampouco entenderá aquele que somente se expressa com palavras dicionarizadas; os chamados “grafiteiros”, com os seus modernos hieróglifos, talvez sejam precursores de uma linguagem escrita constituída de sinais… O certo é que eu continuava sonhando com as Dimensões Superiores — tão-somente sonhando… Tudo que havia feito na Terra não fora suficiente para me facilitar o acesso às regiões onde a dor não se revela ainda tão humana. Espero que os meus leitores, mormente os espíritas, não considerem desalentadoras estas minhas palavras; existem companheiros de Doutrina que estimam sonhar com “Nosso Lar”, a colônia espiritual a que André Luiz se refere em um de seus magníficos trabalhos enviados ao mundo. Não, os espíritas não devem trocar o Céu dos católicos pela região espiritual de “Nosso Lar”, cidade que se localiza nas vizinhanças do orbe, muito distante de servir de parâmetro para as organizações situadas noutras Dimensões, inclusive àquelas que se erguem nas faixas do Umbral. Imerso nestas reflexões, escutei que alguém batia àporta do meu gabinete — sim, por aqui ainda temos portas e gabinetes, e, quando visitamos alguém, necessitamos fazer-nos anunciar. — Olá, Inácio! — saudou-me o amigo Odilon Fernandes, aparecendo para uma visita. Como é que está você?… Além do que mereço, mas aquém do que careço — respondi, sem perder o hábito de fazer trocadilhos. — Então, você está igual a mim — redargüiu com descontração. — A maior surpresa da morte, depois da constatação da própria imortalidade, é, sem dúvida, a de que não passamos de seres humanos, limitados por dentro e por fora…

 

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