MÉDIUM DE TAREFA
TAREFA “A mediunidade propriamente dita é independente da inteligência, tanto quanto das qualidades morais, e na falta de um melhor instrumento o espírito pode servir-se do que tem à mão; mas é natural que, para as comunicações de uma certa ordem, ele prefira o médium que lhe ofereça menos obstáculos materiais.” (Cap. XIX – O Papel do médium nas comunicações espíritas – item 19)
O médium com o qual os espíritos contam, para a realização de determinada tarefa, não é aquele que se dedica esporadicamente ao exercício de suas faculdades. O médium indisciplinado, que não estuda e tampouco persevera, esmerando-se no cultivo diuturno de suas possibilidades mediúnicas, procurando ampliá-las, não deve esperar que a Espiritualidade Superior assuma compromisso sério com ele. Sabemos que são muitos os impedimentos que o médium faceia no cumprimento do dever, mas, por outro lado, não ignoramos a falta de empenho daqueles que se amolentam ante os percalços Mediunidade, que se traduz por oportunidade de ascese espiritual, não é caminho atapetado de flores para ninguém. Os homens, de maneira geral, não levam em consideração as dificuldades que os desencarnados enfrentam para estabelecer um contato regular com os que se encontram nas lides da experiência física. A ideia que temos é que muitos, equivocadamente, nos supõem desocupados neste Outro Lado, prontos a atendê-los, ao mais leve estalar de dedos. Parceria mediúnica produtiva se alicerça no esforço recíproco entre encarnado e desencarnado. Os Espíritos da Codificação foram claros e incisivos que, “para comunicações de certa ordem”, a preferência recaia sobre os médiuns que inspiram maior confiança. Quantos médiuns inconstantes queixando-se de escassa colheita na seara em que não transpiram! Quantos outros a cumularem de exigências descabidas o Plano Espiritual, sem que quase nada façam para que tenham direito ao que reivindicam! O maior obstáculo material, com que o espírito comunicante se depara, é justamente o – não comparecimento do médium às sessões mediúnicas que frequenta. Um exímio pianista, se, mesmo por motivo justificado, se sente compelido a determinado período de afastamento das teclas do piano, praticamente terá que recomeçar como se não fosse mais que um principiante. Um ator que, por esta ou aquela causa, passe longo tempo fora do palco, ao voltar a representar, experimentará os titubeios de quem ainda não aprendeu a se movimentar em cena. Constantes interrupções na sintonia mediúnica acarretam prejuízos de vulto para o exercício da mediunidade.
Experimente, por exemplo, o jardineiro deixar de regar o jardim que espera ver florido na primavera. Médium que, numa semana, é médium e, na outra, não o é, assemelha-se a quem quer aprender a escrever ignorando determinadas letras do alfabeto! Enquanto a mediunidade não for levada com a seriedade que requer que dela, no máximo, se poderá colher serão frutos sazonais. Aqui se aplica a lição da Parábola da Figueira Seca, à qual Jesus recorreu para ensinar que o discípulo sincero da Boa Nova deve estar sempre pronto para servir quando for chamado e não apenas quando lhe convier. É devido à sua inconstância e irregularidade, ou seja, à sua falta de compromisso com a Espiritualidade Superior, que os médiuns se mostram instrumentos improdutivos. Não se trata de deficiência da faculdade que possuem nem de ausência da indispensável cobertura espiritual que eles vivem a reclamar, mas de franco comodismo e desinteresse de sua parte.
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