Que acontece ao perispírito no momento da morte?
O perispírito desempenha um papel muito importante no momento da desencarnação do Espírito.
Quando ocorre a morte do corpo material, a alma entra em um estado de perturbação mais ou menos prolongado, dependendo das suas condições espirituais e morais. Então, o perispírito, que estava unido molécula a molécula ao corpo material, começa a se desprender gradualmente.
Esse desprendimento pode ser rápido ou lento, variando caso a caso, em função do tipo de morte natural, acidental ou violenta e em razão do grau de afinidade que exista entre as moléculas do períspirito com as do corpo material.
Para a alma que se identificou com os valores espirituais e com a prática das virtudes, conquistando a nobreza moral, esse desprendimento é rápido e a perturbação não passa de um sono breve.
Assim, a alma do homem de bem se desprende com facilidade do corpo material. O seu perispírito, formado de fluidos sutis, tem pouca compatibilidade com a matéria densa. Então, a perturbação é leve, e a libertação processa-se sem esforços, ajudada pelo pressentimento do estado feliz que vai desfrutar na vida espiritual.
Um exemplo muito interessante disso encontra-se na Segunda Parte do livro O Céu e o Inferno, onde Allan Kardec publicou o seguinte depoimento de um Espírito feliz:
“A morte foi para mim como um sono, um sono tranquilo. Não tendo preocupações com o futuro, não me apeguei à vida. Não tive, por conseguinte, de me debater nos últimos instantes. A separação operou-se sem esforços, sem dor e sem que eu houvesse sequer me apercebido. Não sei quanto durou esse último sono;
mas foi breve. O despertar foi tão calmo que contrastava com a minha situação anterior.” (Samuel Philippe, um homem de bem em toda a acepção do termo.)
Já para a alma que se identificou com as más paixões, com os vícios, com a criminalidade e com as ilusões das coisas materiais, o desprendimento é muito lento, e a perturbação, bastante prolongada.
O perispírito, formado com fluidos bastante grosseiros, enraizou–se profundamente nas moléculas do corpo material. Então, o desprendimento torna-se difícil e o período de perturbação muito complicado.
Em alguns casos de desencarnação, como nos de criminosos ou de suicidas, o constrangimento é muito grande a ponto de a alma sentir a decomposição do envoltório corporal. Sobre esta realidade, Allan Kardec escreveu no artigo “Sensações dos Espíritos”, contido na Revista Espírita de dezembro de 1858:
“Recordemos a evocação do suicida da casa de banhos Samaritana, relatada em nossa Revista de junho. Como todos os outros, ele dizia:'(…) Entretanto, sinto que os vermes me roem’”.
“Ora, seguramente os vermes não roem o perispírito e, ainda menos, o Espírito; apenas roem o corpo. Mas como a separação entre corpo e perispírito não era completa, o resultado era uma espécie de repercussão moral que lhe transmitia a sensação do que se passava no corpo. Repercussão talvez não seja o vocábulo, o qual poderia fazer supor um efeito muito material: era antes a visão daquilo que se passava em seu corpo, ao qual estava ligado o seu perispírito, que lhe produzia uma ilusão, que tomava como realidade.”
Outra realidade, facilmente constatada nas comunicações, é que alguns Espíritos inferiores, após a morte do corpo material, não conseguem ausentar-se da superfície da Terra. O perispírito encontra-se demasiadamente denso, e isso se dá por falta de qualidades morais daqueles Espíritos. Então, eles não conseguem elevar-se acima das regiões terrenas, acreditando, muitas vezes, que continuam ainda vivos, com as mesmas ideias e o mesmo apego às coisas terrenas. Dessa forma, procuram manter as suas atividades e satisfazer as suas necessidades e paixões habituais.
Um exemplo interessante dessa dificuldade de desprendimento do corpo material é o do Espírito Novel:
“Vou narrar-te o meu sofrimento de quando morri. O meu Espírito, preso ao corpo por laços materiais, teve grande trabalho em desprender-se, o que constituiu uma primeira e dura agonia.” (Capítulo IV: Espíritos Sofredores, Segunda Parte de O Céu e o Inferno, de Allan Kardec.)
Então, devemos estar preparados espiritual e moralmente para enfrentar essas realidades do processo de desencarnação. A conquista da condição de homem de bem nos garantirá um fácil desprendimento e uma vida feliz no mundo dos Espíritos.
Fonte: Do Livro P E R I S P Í R I T O
O QUE OS ESPÍRITOS DISSERAM A RESPEITO
Autor: Geziel Andrade
Por Balbino Gonçalves do Amaral
Deixe um comentário